Percebo que não me conheço quando retorno bêbado e sozinho
pra casa e começa a me dar um desespero em escrever. Mal consigo segurar a
caneta, a letra sai mais torta e desengonçada do que já é e percebo que a
senhora que sentou ao meu lado não para de observar-me com um olhar de
curiosidade misturado com certa preocupação. Mas eis que as palavras, tortas,
erradas e choradas acabam por sair.
Um idoso senhor negro com o seu chapéu adentra no vagão. Ele
mal consegue permanecer de pé devido a sua idade e a todos os tombos que a vida
já lhe deu. Assim, ele se senta no banquinho azul. Solitário, assim como eu,
nossos olhares se encontram. Seu olhar, com um misto de sofrimento e
benevolência acaba por domar o monstro da solidão em meu olhar. Já não me sinto
mais completamente só.
“Filho, uma rosa de uma pétala só não é uma rosa.”
Uma rosa de uma só pétala não transmite a beleza da
primavera.
Uma rosa de uma só pétala não é bela.
Uma rosa de uma só pétala é incompleta.
Uma rosa de uma só pétala não é uma rosa.
(...) presente (...)
(...) expectativas (...)
(...) possibilidades (...)
(...) futuro (...)
As pétalas floresceram. Agora a rosa é uma rosa.
Floresceram na rosa todas as pétalas.
A rosa agora se vê completa, com todas as suas pétalas.
As pétalas são o que faz da rosa uma rosa.
A rosa do pequeno príncipe.
A rosa que nasceu no concreto.
A rosa que dança todos os dias “Idioteque”.
A rosa que se libertou de seus próprios espinhos e abriu o
seu coração para a vida.
Lindo.
ResponderExcluirMas tome cuidado pra não se tornar a Rosa de Hiroshima!
Bonito!
ResponderExcluirLarissa N.