terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Caminhar do Cachorro

O cachorro vaga por todas essas ruas frias e sujas a procura de um olhar.

Ele caminha e observa diversas pessoas, pessoas de todas as tribos e espécies. Algumas delas estavam fumando e bebendo, outras estavam com seus olhos brilhando juntamente a seus pares, mas ninguém o notava, o cachorro nunca era notado.

O cachorro aproxima-se de todas essas pessoas exibindo seu olhar triste, caído, vazio, carente de vida, mas nenhum desses humanos o direcionava um olhar, nem o mais efêmero olhar. Mas o cachorro não desistia, ele persistia em aproximar-se cada vez mais dos seres tão maiores e falantes que ali estavam. Contudo o cachorro não obtia êxito, o máximo de atenção que ele recebia era um chute em seu corpo ou alguma agressão verbal, as quais já eram a sua sina.

O cachorro desiste dos humanos e inicia a sua caminhada solitária por uma viela escura, onde não há pessoas, onde o brilho que mais ofuscava era o de seu próprio olhar. O cachorro caminha, caminha sem parar.

Não há vida, não há amor. O cachorro não possui dono, o cachorro carece de um olhar, de um olhar de compreensão.

05/10/10

domingo, 12 de dezembro de 2010

O Amor, o Amor Vai Nos Separar Novamente

A dúvida atormenta a minha mente e faz com que cada poro de minha pele sofra amargamente. Eu não consigo mais viver com tanta crueldade, torno-me um ser incapacitado de respirar, de sorrir.

Eu te amo, mas eu te odeio. Já você eu odeio, mas amo. Como escolher? Eu não consigo escolher, você sabe que eu não consigo. Não vê que isso não estava nos meus planos?
As músicas continuam a tocar e todos continuam a vibrar embalados com o som. Mas foda-se, eu não me importo, não me importo porque eu não estou fluindo. A música não chega aos meus ouvidos e muito menos me faz vibrar. Sim, ela já fez com que eu me sentisse melhor, mas hoje ela não alivia a minha dor. Eu estou transbordando injúrias.

Amor ou ódio? Eu realmente não consigo escolher. Droga, porque eu não consigo?

Assisto a um filme, aquele que sempre assisto quando me vejo só nessa estrada, ouço a uma música, aquela que paralisa cada osso do meu corpo, encho meu copo até transbordar e ascendo meu cigarro. Dúvidas, dúvidas e mais dúvidas me levam a perder cada milímetro do meu corpo aos poucos, um vagaroso e cruel necrosamento.

Veja, é uma corda. Será ela a solução?

Eu não te culpo, você apensas me amou. Saiba que um dia eu amei você, somente a você.

É, vai ser a corda.

O amor, o amor vai nos separar novamente.

10/12/10

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Trem que Carrega Lástimas e Angústias na Ilha do Medo

É uma sensação difícil de explicar. Eu sei que você não irá me entender, mas eu vou tentar mesmo assim. É uma situação ímpar, que eu nunca senti antes do dia de hoje. É como se um trem se aproximasse cada vez mais de mim e... Ah, deixa pra lá, vou te poupar de minhas palavras carregadas de lástimas e angústias.

Sei que meu semblante mudou, minha voz se modificou, meu humor esta muito oscilante e os meus vícios que, novamente, são meus maiores alicerces. Mas não há o que fazer, não é mesmo? Vou ter que deixar os dias passarem, as folhas caírem e aguardar a primavera chegar para admirar as minhas flores e lograr de meus frutos.

Finalmente estou enxergando com os meus olhos de ver. O que enxergo não é tão belo assim, mas confesso que já tive visões que me atormentaram muito mais durante a noite.
É, vai passar, eu sei que vai passar. Pode ser daqui dias, meses, quem sabe, mas vai passar e eu vou voltar a fluir e possibilitarei que os meus deuses e demônios me conduzam a um novo caminho. Um caminho intenso, que me queime e transborde meu copo com vida.

Agora é esperar o meu capitão chegar e me resgatar dessa ilha vazia e amedrontadora. Mas eu só lhe peço que, por misericórdia, venha o mais rápido possível, porque o trem insiste em se aproximar cada vez mais e... Ah, deixa pra lá, cansa menos.

24/11/10

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Nostalgia

A nostalgia reina sobre o meu ser.

Nostalgia dessa janela, dos cigarros fumados, dos textos que sentado nela eu escrevi, das vezes que observei através dela as estrelas no céu ou o nascer do sol.

Nostalgia de você tocando esse violão, eu cantando, todos cantando, embriagados ou não, isso pouco importa, o que vale é só você, seu violão e o instante eterno.

Nostalgia de nossas risadas, nossas “conversas de gente grande” e dos planos mais maléficos impossíveis.

Nostalgia de você que ano que vem não estará mais ao meu lado fisicamente para proporcionar-me os mais doces sorrisos e os mais enérgicos abraços.

Nostalgia de você me fazer rir a qualquer momento e sempre possuir esse coração puro e esse sorriso engraçado para proporcionar uma maior alegria ao meu ser.

Nostalgia das situações bizarras e extremas e dos convites mais inovadores e inesperados possíveis que eu ainda hei de acatar.

Nostalgia do amor que você me proporcionou, de toda a complexidade por detrás do olhar, do sorriso, das palavras. Nostalgia também da raiva, inquietude e sofrimento que você causou em mim. Afinal, eu sou um poeta ardente, não é mesmo?

Nostalgia das minhas felicidades, dos meus dramas, das minhas tempestades, meus idealismos, minhas “certezas”, minhas “incertezas”, minhas bebedeiras, meus cigarros fumados, meus pés se balançando na janela, meus sorrisos, meus abusos, meus abraços... Ah que nostalgia!

O relógio nunca para. Por mais que você tampe os seus ouvidos o “tic-tac” nunca há de cessar. Nunca.

É Capitão, sei que isso é só o começo e que somos tão jovens, mas a nostalgia já fica aqui, em meu peito.

02/12/10