terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Caminhar do Cachorro

O cachorro vaga por todas essas ruas frias e sujas a procura de um olhar.

Ele caminha e observa diversas pessoas, pessoas de todas as tribos e espécies. Algumas delas estavam fumando e bebendo, outras estavam com seus olhos brilhando juntamente a seus pares, mas ninguém o notava, o cachorro nunca era notado.

O cachorro aproxima-se de todas essas pessoas exibindo seu olhar triste, caído, vazio, carente de vida, mas nenhum desses humanos o direcionava um olhar, nem o mais efêmero olhar. Mas o cachorro não desistia, ele persistia em aproximar-se cada vez mais dos seres tão maiores e falantes que ali estavam. Contudo o cachorro não obtia êxito, o máximo de atenção que ele recebia era um chute em seu corpo ou alguma agressão verbal, as quais já eram a sua sina.

O cachorro desiste dos humanos e inicia a sua caminhada solitária por uma viela escura, onde não há pessoas, onde o brilho que mais ofuscava era o de seu próprio olhar. O cachorro caminha, caminha sem parar.

Não há vida, não há amor. O cachorro não possui dono, o cachorro carece de um olhar, de um olhar de compreensão.

05/10/10

domingo, 12 de dezembro de 2010

O Amor, o Amor Vai Nos Separar Novamente

A dúvida atormenta a minha mente e faz com que cada poro de minha pele sofra amargamente. Eu não consigo mais viver com tanta crueldade, torno-me um ser incapacitado de respirar, de sorrir.

Eu te amo, mas eu te odeio. Já você eu odeio, mas amo. Como escolher? Eu não consigo escolher, você sabe que eu não consigo. Não vê que isso não estava nos meus planos?
As músicas continuam a tocar e todos continuam a vibrar embalados com o som. Mas foda-se, eu não me importo, não me importo porque eu não estou fluindo. A música não chega aos meus ouvidos e muito menos me faz vibrar. Sim, ela já fez com que eu me sentisse melhor, mas hoje ela não alivia a minha dor. Eu estou transbordando injúrias.

Amor ou ódio? Eu realmente não consigo escolher. Droga, porque eu não consigo?

Assisto a um filme, aquele que sempre assisto quando me vejo só nessa estrada, ouço a uma música, aquela que paralisa cada osso do meu corpo, encho meu copo até transbordar e ascendo meu cigarro. Dúvidas, dúvidas e mais dúvidas me levam a perder cada milímetro do meu corpo aos poucos, um vagaroso e cruel necrosamento.

Veja, é uma corda. Será ela a solução?

Eu não te culpo, você apensas me amou. Saiba que um dia eu amei você, somente a você.

É, vai ser a corda.

O amor, o amor vai nos separar novamente.

10/12/10

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Trem que Carrega Lástimas e Angústias na Ilha do Medo

É uma sensação difícil de explicar. Eu sei que você não irá me entender, mas eu vou tentar mesmo assim. É uma situação ímpar, que eu nunca senti antes do dia de hoje. É como se um trem se aproximasse cada vez mais de mim e... Ah, deixa pra lá, vou te poupar de minhas palavras carregadas de lástimas e angústias.

Sei que meu semblante mudou, minha voz se modificou, meu humor esta muito oscilante e os meus vícios que, novamente, são meus maiores alicerces. Mas não há o que fazer, não é mesmo? Vou ter que deixar os dias passarem, as folhas caírem e aguardar a primavera chegar para admirar as minhas flores e lograr de meus frutos.

Finalmente estou enxergando com os meus olhos de ver. O que enxergo não é tão belo assim, mas confesso que já tive visões que me atormentaram muito mais durante a noite.
É, vai passar, eu sei que vai passar. Pode ser daqui dias, meses, quem sabe, mas vai passar e eu vou voltar a fluir e possibilitarei que os meus deuses e demônios me conduzam a um novo caminho. Um caminho intenso, que me queime e transborde meu copo com vida.

Agora é esperar o meu capitão chegar e me resgatar dessa ilha vazia e amedrontadora. Mas eu só lhe peço que, por misericórdia, venha o mais rápido possível, porque o trem insiste em se aproximar cada vez mais e... Ah, deixa pra lá, cansa menos.

24/11/10

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Nostalgia

A nostalgia reina sobre o meu ser.

Nostalgia dessa janela, dos cigarros fumados, dos textos que sentado nela eu escrevi, das vezes que observei através dela as estrelas no céu ou o nascer do sol.

Nostalgia de você tocando esse violão, eu cantando, todos cantando, embriagados ou não, isso pouco importa, o que vale é só você, seu violão e o instante eterno.

Nostalgia de nossas risadas, nossas “conversas de gente grande” e dos planos mais maléficos impossíveis.

Nostalgia de você que ano que vem não estará mais ao meu lado fisicamente para proporcionar-me os mais doces sorrisos e os mais enérgicos abraços.

Nostalgia de você me fazer rir a qualquer momento e sempre possuir esse coração puro e esse sorriso engraçado para proporcionar uma maior alegria ao meu ser.

Nostalgia das situações bizarras e extremas e dos convites mais inovadores e inesperados possíveis que eu ainda hei de acatar.

Nostalgia do amor que você me proporcionou, de toda a complexidade por detrás do olhar, do sorriso, das palavras. Nostalgia também da raiva, inquietude e sofrimento que você causou em mim. Afinal, eu sou um poeta ardente, não é mesmo?

Nostalgia das minhas felicidades, dos meus dramas, das minhas tempestades, meus idealismos, minhas “certezas”, minhas “incertezas”, minhas bebedeiras, meus cigarros fumados, meus pés se balançando na janela, meus sorrisos, meus abusos, meus abraços... Ah que nostalgia!

O relógio nunca para. Por mais que você tampe os seus ouvidos o “tic-tac” nunca há de cessar. Nunca.

É Capitão, sei que isso é só o começo e que somos tão jovens, mas a nostalgia já fica aqui, em meu peito.

02/12/10

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sina

Essa sina me persegue, a sina de cair, de ficar no chão, de tentar fazer tudo correr bem e só ganhar merda em troca.

Eu estou realmente cansado disso tudo. Procuro manter minha cabeça no lugar, atrair energias positivas, pessoas positivas. E o que eu ganho com isso? Eu só ganho quedas e mais quedas, recheadas de falsas expectativas, falsos idealismos e decepções das mais verdadeiras possíveis.

O que eu posso fazer se eu só sei viver assim? Eu sempre digo “a estrada que eu escolhi”, mas eu estou mentindo ao alegar isso. Eu não escolhi essa estrada. Alguém acha que eu seria retardado ao ponto de escolher o caminho com mais dor? Essa estrada que me escolheu. Eu tenho é que me manter forte e de pé, por mais que eu receba rasteiras e socos no meu estômago.

Às vezes eu acredito que meu maior medo vai se concretizar. Porra, eu preciso de alguém que diga que isso não vai acontecer comigo, que diga que no final tudo vai ficar bem, que eu vou achar a minha luz e seguir ela até o fim, que o meu navio vai aportar no mais feliz dos cais e lá eu hei de ser feliz.

Felicidade, eu busco tanto isso... Mas você sabe, eu não sei ser feliz sozinho.
Pois é, mais uma fotografia em meu álbum. Mais uma pra minha coleção.

15/11/10

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Mais um Tombo

Odeio estar de mãos atadas, de simplesmente não poder fazer nada. Sinto-me extremamente fragilizado, completamente impotente.

Certas coisas da vida nos obrigam a ficar sentados e pronto. Não há receitas, fórmulas ou truques. Não mais adianta consultar tarô, horóscopo, a mãe Diná ou coisa que o valha. Eu simplesmente não tenho o que fazer.

Mais um tombo que eu levo e sou obrigado a ficar jogado no chão até alguém aparecer para estender a mão e me reerguer.

E agora é assim, vou ter que ficar só e tirar forças de sabe-se lá onde pra continuar com um falso sorriso esboçado em minha face.

Por hora o jeito é esperar...

15/11/10

domingo, 14 de novembro de 2010

Preciso de Alguém

Preciso de alguém ao meu lado pras noites não se tornarem tão sombrias ao ponto de meus olhos nada mais enxergarem além da escuridão tenebrosa.

Preciso de alguém pra me motivar a seguir em frente e não perder o foco.

Preciso de alguém pra dançar, cantar, sorrir, beber, rir e cantarolar comigo.

Preciso de alguém que queira sempre me abraçar e me proporcionar à melhor sensação do mundo.

Preciso de alguém que aguce todos os meus sentidos ao ponto de me fazer alucinar.

Preciso de alguém misterioso que eu tente de todas as formas desvendar.

Preciso de alguém que me surpreenda dia após dia, segundo após segundo.

Preciso de alguém pra me desviar das luzes dos carros que persistem em me acossar.

Preciso de alguém que me faça acreditar que amanhã tudo vai ficar bem.

Preciso de alguém que me dê o mais verdadeiro dos sorrisos.

Preciso de alguém que complete o meu copo, que transborde todo o meu copo.

Preciso de alguém que me faça transcender todas as linhas da sanidade.

Preciso de alguém que me faça voar até tocar a mais longínqua estrela desse céu.

Preciso de alguém que me puxe cada vez que eu olhe os trilhos do trem e tenha vontade de me jogar.

Preciso de alguém que me faça cair e levantar, que me queime e depois cure todas as minhas feridas, que me afogue e depois me traga a vida, que apague a luz e me possibilite encontrar a saída apenas pelo som da sua voz.

Preciso de alguém que não precise de mim.

14/11/10

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Estreitamento dos Círculos II

Não me sinto mais em casa, me desculpem, mas aqui já não é mais o meu lar.

Por muito tempo tentei ser pra vocês o que eu não sou, dissimular a minha metamorfose, mas de nada adianta, eu sofri meu caos interior e aqui já não pertenço mais. É como se eu me emancipasse do meu casulo enquanto vocês ainda se mantêm presos a ele. Careço ser livre, eu preciso voar - vocês sabem que eu sempre quis voar -, então lhes peço para que me compreendam e me deixem dar o meu primeiro vôo.

Não estou inspirando-me em sentimentos vis ou coisa que o valha. Eu só não me permito perder a minha essência e deixar de seguir a estrada que eu escolhi. Sempre vivi aos extremos e não possuo mais sede de vida onde estou. Então eu preciso ir, essa monotonia não foi feita pra mim.

Espero que futuramente ainda nos encontremos, num momento no qual vocês ambicionem mais e que, essencialmente, possuam alguma cobiça genuína pela vida.

05/11/10

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Controlar Idealismos, Impusos e ter Paciência

O vazio foi preenchido, preenchido por mais incertezas, dúvidas e símbolos de interrogações que, por mais que eu tente sanar eles são impossíveis de se eliminar por completo. Quem sabe eles não devam permanecer aqui na minha mente mesmo...

Já estou habituado com todo esse meu masoquismo da alma, esse vício de escolher o caminho mais difícil, a estrada mais longa a qual exige tudo o que um bom ariano detesta: controlar idealismos, impulsos e ter paciência.

Idealismo, essa é uma palavra intensa. Sou bem utópico mesmo, daqueles que em certos momentos deixa-se levar pelas ondas, mesmo com a possibilidade de bater em uma rocha e acabar com tudo. Esse meu idealismo não se importa com a rocha. Mesmo possuindo plena consciência da existência da mesma eu procuro somente importar-me com o sol, as nuvens e todo o céu azulado.

Controlar os impulsos, extremamente complexo. Afinal, os impulsos devem ou não devem ser controlados? Impulsividade é bem engraçado, um dia ela te leva a glória e outro dia a derrota. Bem confuso e incerto mesmo.

Paciência, ô coisa chata! Como já foi dito, “o tempo é tudo pra todos”. Mas ô coisa difícil de lidar, o tempo, a paciência. A vida é curta e acredito que muitas vezes perdemos muito tempo, mesmo eu enxergando claramente que grande parte da vida se faz no seu tempo.

Meu imã para complexidade esta forte outra vez, mas tudo bem, dessa vez vou tentar me deixar levar e esperar que os ventos carreguem-me para a felicidade.

Sim, meus demônios estão fazendo a festa.

24/10/10

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O Incêndio II - Um Novo Incêndio

Sinto minha pele formigar com um ardor sutil. Será que é ele quem esta voltando? Mas assim, tão depressa, tudo tão rápido... Calma, respire, minha mente precisa relaxar, meus pulmões precisam respirar.

Sina. Sempre caiu nessa velha sina de me sentir vivo. Não estou reclamando, pelo contrário, eu estou vivo não é mesmo? Mas, como já foi dito, esse é um dos maiores obstáculos da vida, estar vivo.

Se for pra queimar, que queime, eu anseio por um novo incêndio, um que acabe com a minha pele, que me deixe em brasas, que dilacere comigo. Eu sei que vou arder, mas eu possuo fé e sei que cada queimadura valerá a pena.

Despejo álcool por toda a superfície, acendo meu cigarro e jogo o isqueiro no chão. Que um novo incêndio se inicie, que as chamas ganhem as proporções que os deuses desejarem.

12/10/10

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Eu Sou Eterno

Vou além de todas as suas expectativas e de meus objetivos e sonhos até então inatingíveis.

Vocês vão tentar calar o meu grito, impedir o meu ato e me corromperem, mas é o seguinte meu caro, meu grito nunca terá fim, minha força permanecerá por gerações e minha ideologia é tão forte que nunca há de se corromper.

Eu sigo o meu caminho, eu luto, eu apanho, vou contra a maré, contra toda essa multidão, mas eu acredito, eu tenho fé em mim e, por mais que isso me direcione a morte eu sei que outros gritarão por mim, e gritarão tão alto que você não vai agüentar e será obrigado a ceder.

Minha voz não se cala, meu grito não cessa. Eu sou eterno.

06/10/10

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Suspiro

A primavera inicia-se com as suas flores dissimuladas e seus espinhos estridentes.

Suspiro, suspiro... Vai, tente respirar, encontre o ar em algum lugar de seus pulmões. Respire, respire. Suspiro, suspiro...

A bola de neve ganhou forças, a queda tornou-se escura e infinita, o incêndio nunca a de cessar.

Vermelhidão, olhos, lágrimas, palidez, mais lágrimas, fragilidade... Suspiro, suspiro.

Vai, respire, respire, você precisa respirar. Suspiro, suspiro.

Remédios não vão me curar.

Minimizar, minimizar... Refugiar, refugiar... Lar, lar...

Capitão, eu estou aqui, totalmente só, esperando por você, esperando que por misericórdia você me estenda a mão, puxe-me para o seu navio e retire cada sensação melancólica de meu peito.

Suspiro.

23/09/10

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Incêndio

Cada chama penetra friamente minha pele, cada labareda transpõe todo o seu ardor por cada célula de meu corpo, mas eu não me importo, isso faz com que eu me sinta vivo, com que eu me abstenha de assemelhar-me com um personagem fictício. Sim, a fumaça teima em irritar meus olhos, ocasionando uma lágrima ou outra, e assiduamente minha respiração torna-se assombrosamente mais e mais ofegante, bem como se ela fosse estacar. Mas pouco me importa, eu persisto em permanecer vivo.

Olho para o céu e deparo-me com uma imensa escuridão noturna unificada com a fumaça negra que exala do incêndio e do queimar em minha pele. Inicia-se uma chuva, obrigando o retrocesso incendiário a cada segundo, de centímetro em centímetro. Minha pele já não mais queima, eu já possuo forças para respirar e dos meus olhos lagrimas já não mais caem. Olho para o meu corpo e deparo-me só com uma queimadura, uma única queimadura em meu peito esquerdo.

Passa-se o tempo e a queimadura tranfigura-se em uma cicatriz. Eu levei dias, semanas, meses para entender o porquê de possuir uma única cicatriz após todo o desastre ocasionado devido ao incêndio. Compreendi que essa cicatriz nunca vai extirpar-se, sempre permanecerá tatuada em meu peito esquerdo, fazendo-se necessário que eu tenha forças para não ignorá-la - as tatuagens nunca somem -, e me cuidar para não observá-la constantemente e continuadamente, afinal, certas cicatrizes, quando as valorizamos muito, persistem em sangrar.

Atiro-me desesperadamente, desenfreadamente e desnorteadamente, rumo ao próximo incêndio. QUEIME, QUEIME, QUEIME. Eu quero arder em chamas, sentir minha respiração ofegar.

13/09/10

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Taberna de Reg IX

"Nihil durare potest tempore perpetuo
Cum bene sol nituit, redditur oceano
Decrescit Phoebe, quae modo plena fuit
Sic Venerum feritas saepe fit aura leuis"
Reg IX

"Nada pode durar eternamente
Embora ainda brilhe forte o sol, volta-se para o Oceano
Febe (Lua) diminui logo após a sua cheia.
Assim, a ferocidade das paixões transforma-se, com frequência, em brisa suave."
Tradução de Pedro Paulo Funari

12/09/10

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Navio II

O navio cansou de afundar e vedou todos os seus buracos. Agora o navio percorre mar adentro rumo à felicidade.

O navio navega sem direção, afinal, de que importa a direção? O que o navio deseja é ancorar em um porto onde ele se depare com a felicidade. Não a felicidade completa, o navio tem asco dos navios hipócritas que alegam gozar da mesma. O navio é convicto de que ela não existe, e se contenta com isso. Nunca ter a felicidade completa é o motor do navio nunca aportar muito tempo em um só cais. Sempre chega a manhã em que o navio decide partir rumo a outros modos de ser feliz. Assim, o navio se prepara e navega em outra direção a todo o vapor, seja ela norte, sul, leste ou oeste, pouco importa.
O navio compreende que haverá tempestades e que navios piratas vão tentar saqueá-lo, mas ele esta pronto pra isso, na verdade isso o incentiva.

O navio não para, o navio só navega em busca da felicidade. E não importa a direção, não importa a direção.

29/08/10

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Do Alto do Precipício

Eu subo até o precipício mais alto. Quando alcanço o topo eu examino primeiramente o céu e depois todas as pessoas lá em baixo, assimilando-se com formigas desnorteadas nesse formigueiro que intitulamos de vida. Decido sentar-me com os pés para fora do precipício enquanto reflito. Novamente dirijo meu olhar para o céu e penso em tudo o que já presenciei, no que estou vivendo e, como de praxe, ignoro o futuro distante. Nunca dou atenção para o amanhã longínquo, é tolice desgastar-se com a próxima cena enquanto a atual não obteve o seu fim.

Decido levantar-me e esboço um leve sorriso em minha face. Fecho meus olhos e me atiro do alto do precipício. Durante a queda recordo-me de todas as ocasiões em que eu cai e ela não fora aterrorizante quanto eu conjeturava. Quando eu abro os olhos vejo-me no chão, dilacerado, e com todas aquelas carnes que alguns chamam de ser humano me analisando por puro prazer doentio de olhar meu corpo desfigurado no chão. Ao vivenciar essa situação um novo sorriso é tracejado, mas dessa vez é um sorriso ímpar, que só quem já caiu do alto de um precipício consegue compreender. É nesse momento que me levanto e dou inicio a uma risada insana. Todas as carnes ambulantes arregalam os seus olhos cegos e aproximam-se do meu corpo, acreditando que eu sou um desvairado ou coisa que o valha. Ao deparar-me com essa reação eu desisto e inicio a minha caminhada rumo ao lugar onde eu chamo de lar. Durante essa caminhada eu esboço o meu terceiro e último sorriso, o qual exala felicidade por saber que logo estarei de encontro com algumas essências, alguns humanos de verdade. Essas essências entendem o porquê de eu sempre me jogar do precipício. E eu não vou parar enquanto não obter o meu êxito. É, eu não vou parar.

30/08/10

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Um Anônimo Espúrio

Você não sabe como é estar aqui. Far-se-ia necessário sentir na pele o que eu sofro todos os dias, pisar no chão que eu piso (se é que ao menos existe um chão), respirar do ar que minhas narinas são obrigadas a absorver.

Minha vida é um constante caos, eu não tenho um segundo se quer de paz. Sempre é um problema atrás do outro, desafios contínuos e não cessa, nunca cessa.

Não suporto mais lutar por uma causa que eu não acredito, não consigo mais viver assim. Essa situação está me dilacerando aos poucos. Sou como um leproso que a cada dia que passa perde uma parte do seu corpo, da maneira mais cruel e dolorosa que você pode imaginar.

Sou um anônimo espúrio, o qual não consegue esboçar um sorriso em sua face e nem sentir a mais efêmera felicidade. Aqui ninguém é feliz, é impossível ser feliz com essa sensação, com esse chão, com esse ar.

Conduza-me para longe daqui, eu não agüento mais olhar as minhas cicatrizes e não ter alguém para abraçar. As conseqüências de eu ter escolhido seguir por esse caminho são mais fortes do que um dia eu possa ter imaginado. Esse caminho só me trouxe dor, sofrimento e vícios.

Eu ainda acredito em super-heróis, sou obrigado a acreditar neles. Irônico é que eu sou o que você chama de herói...

Capitão, eu imploro, me tira daqui, eu quero paz, eu preciso de paz.

22/08/10

domingo, 22 de agosto de 2010

Penfold - I'll Take You Everywhere

Painted skies and shining stars reminds us of the hours
that we spent at the dining room table drawing pictures of
nothing important
Everything we loved
And even though our fingers got sore and our eyes began to ache,
we would never stop
We would never stopIt's these things created by tiny hands that were hung on walls
and wrapped as gifts
Acted as the words we never said but wish we had before you
left
It's too late to tell you that I care and I'm wishing you were
here
And I think it would be better if you had never left at all
This place is not the same without the smile on your face
And if you were here then I would take you everywhere

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Não Mais

Estou deitado com meus braços cruzados. Finjo que é por causa do frio dessa madrugada, mas na verdade eu estou compondo um escudo, uma espécie de escudo protetor para que você não me corrompa novamente.

Não mais ser possuído, não mais ser dominado. Eu me cansei de você, de todos os seus prazeres efêmeros e da sua poesia hipócrita.

Meu escudo imaginário não é tão anêmico assim. Aqui você não entra mais, o seu olhar não mais me corrompe e as suas palavras não mais penetram em meus ouvidos. Agora você me nauseia, me enoja. Da minha boca não mais vou proferir o seu nome.

Não mais vou querer passar nem um segundo ao seu lado, nem o mais efêmero segundo. De vícios já estou saturado com os meus.

Não mais. É, eu disse não mais.

(...) Descruzo meus braços, não mais preciso do meu escudo. Me libertei de você.

19/08/10

terça-feira, 17 de agosto de 2010

As estrelas...

A vida se transforma de um modo tão célere que se torna vital respirar uma, duas, três vezes para compreendermos essas mudanças e seguirmos o ritmo da dança.

Isso me remete as estrelas. Elas estão aqui nessa noite enquanto eu escrevo, elas estavam no mesmo lugar, intactas, quando eu me mudei pra Franca, quando dei meu primeiro beijo, quando minha avó morreu, quando minha irmã nasceu, quando eu dei meu primeiro passo, quando eu ainda nem estava aqui. As estrelas nunca vão se apagar, sempre vão estar lá ansiando por um olhar. Um olhar que busca refúgio, um olhar de saudade, de arrependimento, de êxtase, felicidade... Elas sempre vão estar lá em busca de um olhar.

Engraçado como algumas coisas mudam e outras nunca vão mudar.

29/07/10

A voz mais baixa da minha mente

Vejo-me tão só. Rodeado de corpos e carnes, mas carente de almas e essências.

Admiro-me com a freqüência e intensidade com que sou obrigado a me defrontar com meus medos e a sagacidade com que os enfrento. Mas isso, infelizmente, acaba por trazer-me conseqüências das mais diversas, como a ampliação dos meus vícios.

Sim, ampliei os meus vícios e não caminho mais sem eles, não respiro sem o amparo deles, não existo sem eles.

Fico sozinho nessa madrugada fria, sento na janela, coloco os meus pés pra fora e os fico balançando, pareço uma criança feliz, mas só pareço... Ficar sozinho na janela me faz bem, tenho um tempo só meu pra pensar. O problema é que às vezes eu acabo por escutar até a voz mais baixa da minha mente, até o sussurro mais efêmero não escapa da minha percepção. Esse sussurro é engraçado... Tem dias que ele fica lá escondidinho e eu mal o percebo, mas tem vezes em que ele se torna tão alto, tão gritante que eu mal consigo controlá-lo, só o contenho com o auxílio de um dos meus vícios. Na verdade eu só tenho a ilusão que o abafei, porque vira e mexe ele persiste em aumentar o tom de voz e volta a me incomodar. Mas eu ainda tenho fé que vou aprender a lidar com ele. É, eu ainda tenho fé...

10/06/10

Eu mandei cessar

A vida é feita de caminhos, caminhos distintos que nos levam a diferentes lugares, diferentes possibilidades e diferentes finais. Mas porque optar pelo caminho mais curto? Pelo menos perigoso? Dessa vez seja o primeiro a dar o tiro, o primeiro a dar o gole, o primeiro a tomar as decisões... Não, ninguém vai fazer merda nenhuma por você e não me venha com a pueril idéia de que o tempo irá deixar tudo mais claro, por favor, dessa eu já me cansei.

A minha dor avança desenfreadamente rumo ao meu peito e eu faço de tudo, eu juro que faço de tudo mesmo para impedi-la, mas ela nunca para, nunca. Mas acredito que é por eu ser diferente, eu sigo o caminho mais difícil, o com mais entraves. Não sei, eu devo ser doente mesmo. Mas tente um dia seguir esse caminho, quem sabe você não se revela tão adoentado quanto eu.

Me escuta, eu mandei cessar, eu mandei ces-sar, eu mandei c-e-s-s-a-r.

05/06/10

Por quanto tempo?

Um amigo meu me disse que eu encontrei algo muito forte, algo recíproco que eu nunca mais vou encontrar. Você acha que é recíproco? Só você pode me responder isso... Mas você consegue me responder? Aliás, você consegue se responder? Creio que não. Mas, por quanto tempo? Por quanto tempo?

Você diz ‘eu te conheço muito bem’ e eu digo o mesmo. Mas, se você me conhece tão bem, porque me deixa ficar assim? Por quê?

Pois é, como já disse, nós sempre compreendemos, nós sempre superamos, mas há algo que barra tudo isso, então por favor, por mim, acaba com essa barreira enquanto eu ainda estou de pé, enquanto ainda há aquela fé entre nós.

17/05/10

Estreitamento dos círculos

Eu enxergo o rompimento dos ciclos, eu pressinto o fim de uma era. É tudo o destino, ele quem comanda, ele quem dita as regras.

Já me falaram que nada é para sempre, mas eu ainda acredito, por mais utópico que isso seja, eu acredito. Também não tenho inocência o suficiente para acreditar que tudo seja para sempre, não tenho mesmo. Mas o que eu sei é que certas coisas nunca acabam, você só aprende com a sua maturidade e com a sua vivência a como controlar isso, em que lugar do coração você coloca aquela pessoa e aquela experiência. Isso faz parte da vida.

Prevejo o fim de uma era, e não, isso não me chateia, isso me motiva a cada vez crescer mais e perceber o quão valioso é o estreitamento dos círculos.

04/06/10

O Navio

Perdi o controle. Mas quem detém totalmente o controle sobre si mesmo? Aliás, quem um dia já sentiu assumir o pleno controle sobre o seu próprio eu? Talvez você já obteve essa sensação, mas é tudo uma mera ilusão meu caro, uma maldita ilusão.

Meus vícios e minhas emoções se intensificaram... É preciso ter cuidado. Preciso, necessário, mas não acredito ser meu anseio majoritário.

Vamos ver até onde eu navego sem o meu navio afundar. Quem sabe eu me torno um rapaz de sorte e me deparo com terra firme. É, quem sabe...

Enquanto isso eu, eu estou aqui, lutando diariamente para não perder o meu rumo e tirando litros e mais litros de água do meu navio para ele não afundar.

29/04/10

Algumas estações...

Comecei a me expressar mais. Nunca gostei de guardar meus pensamentos (apesar de muitas vezes ser a melhor solução). É engraçado como é necessário se expressar e deixar de se expressar simultaneamente. Isso me consome, mas muitas vezes se sentir incomodado é a solução mais viável, pelo menos por algumas estações.

17/04/10

Entende?

Tantas coisas que eu não entendo... Muita gente diz não entender quase nada dessa vida, mas são todos uns mentirosos, inclusive eu. Todos sempre entendem, só fingem não compreender para não haver a possibilidade de se machucar. Aí você acaba por aceitar os fatos como eles são e segue com essa maldita hipocrisia. Mas até quando? Até quando?
Talvez você tenha medo de arriscar. Confesso que eu possuía esse medo. Sentia-me covarde, incapaz... Assimilava-me com o Holden nesse aspecto. Mas sabe, eu consegui superar (assim como acredito que o Holden também conseguiu). Medo pra que? Medo de que? De se reerguer? De ter que lutar? Amadurecer? Viver?

Sinto muito meu caro, mas enquanto você for tolo nunca irá alcançar o clímax desse filme e irá vagar eternamente nessa sinopse medíocre.

15/04/10

Começo, meio ou fim?

Sou um tolo... Não, eu não sou um tolo, mas tenho medo de me tornar um... Ou será que eu já me tornei e nem ao menos me dei conta?

Só sei que eu te desejo mais do que devia... Sempre acabo por desejar mais do que devia.
Tudo de uma vez, sempre tudo de uma vez.

Porque tenho que ser tão intenso?

Quero te abraçar e nunca mais soltar.

Como já me disseram, “Dizer pra sempre é bem menos do que sentir na carne e querer de verdade”

Começo, meio ou fim?

11/11/09

Eu quero mais um copo.

Talvez a noite tenha voltado a me iluminar com as suas estrelas. Tudo parece mais calmo, mas mesmo assim aquela voz persiste em me perturbar... Mais um copo, por favor.

Mudei meus hábitos e intensifiquei meus vícios. É, nós sempre entendemos, sempre. Outro copo, por favor.

Afinal, você quer verdade ou desafio? Escolha. Eu quero mais um copo.

10/03/10

Uma mera ilusão...

Ele viveu intensos momentos e eu estava ao seu lado. Eu e a velha garrafa de vodka acompanhada de um cigarro entre os dedos.

Tudo parecia tão real...

Começamos a contemplar os momentos que passamos juntos, embriagados, alucinados e com aquele desejo de viver pulsando em nossas veias.

Mas aí ela aparece. Aparece só para dizer que tudo foi uma mentira, uma ilusão, que eu era um jovem problemático e doente. Mas como eu não presenciei todos esses momentos se eu me recordo tão bem? Lembro-me da sensação de felicidade dentro de mim, dos sorrisos reluzentes, de cada toque, de cada loucura provocada pela embriaguez de dois jovens que só queriam viver...

Como você se sentiria se descobrisse que tudo aquilo que viveu não passou de uma ilusão?

21/04/09

Quando eu me cansei

Mais uma vez aqui, sem saber por que, sem saber pra que.

Viver assim às vezes cansa, e estou me cansando com uma maior freqüência.

Não entendo esse mundo... Quer dizer, não entendo grande parte desse mundo.

Eu não quero continuar assim, não quero viver assim.

De repente tudo mudou... Acredito que foi porque eu mudei, e isso é tão valioso. Mas é triste ver tão poucas pessoas semelhantes a mim, que me compreendam.

Eu quero mudar o rumo dos meus dias, mudar minha vida, viver com um porque.

Quero caminhar à noite sem ter um motivo. Quero caminhar apenas porque quero, porque me sinto vivo.

Mas eu simplesmente não posso, não posso porque me sinto preso aqui.

Como eu queria que alguns dias fossem eternos... Não, não quero isso. Eu quero dias que sejam diferentes, novos, intensamente vividos por pessoas que têm dentro de si o ávido desejo pela vida.

É difícil colocar os fatos em uma balança. Merda de insegurança.

Eu quero viver, viver, viver. Será que é pedir demais?

Quero ser autêntico sem ter vergonha, sem me reprimir, sem ser obrigado a usar máscaras. Mentir às vezes cansa...

Cansei de viver assim, de agüentar tudo e continuar calado. Quero dar um basta, quero falar merda mesmo.

Cadê a porra do Carpe Diem? Pra que viver tão controladamente se o que eu quero é a aventura, a surpresa de cada dia, a sensação de sempre aprender mais, conhecer coisas novas, pessoas novas, sentimentos novos.

Oh capitão, como você me faz falta.

Agora que cansei deixo uma boa parte pra trás. E a parte que levo, se eu cansar, também deixo, porque me nauseia o desleixo pela vida.

19/12/08