terça-feira, 21 de agosto de 2012

Flecha (s)


Meditação.
Medita.
Ação.
Ação.

A verde.
A amarela.
A vermelha.
A vermelha.

O arco anseia por diversas flechas. Flechas as quais tem medo de serem lançadas. Afinal, enquanto estão no arco, todas as flechas são seguras. Mas, a partir do momento em que o jovem guerreiro segura forte na parte traseira da flecha e a puxa, aí meu bom, aí que mora o perigo.

A flecha foi lançada.
A flecha deve ser lançada.
Mas pra onde vai a flecha?
Pra onde foi a minha flecha?

As flechas foram feitas com tanto carinho, com tanto zelo e amor que, só de pensarem na possibilidade de serem lançadas, as flechas já entram em pânico. Imaginam que vão atingir um alvo errado, que vão se perder, que vão seguir num caminho muito distante ou, pior ainda, que elas vão quebrar antes de sair do grande arco por mim construído.

A flecha é formosa.
A flecha deve se abrir para os alvos.
A flecha não vai mais temer em ser atirada.
A flecha vai agir.

Por mais flechas.
Por mais alvos.
Por mais ação.
Por mais força.

Meditação.
Medita.
Ação.
Ação.

29/07/12

terça-feira, 31 de julho de 2012

A Rosa


Percebo que não me conheço quando retorno bêbado e sozinho pra casa e começa a me dar um desespero em escrever. Mal consigo segurar a caneta, a letra sai mais torta e desengonçada do que já é e percebo que a senhora que sentou ao meu lado não para de observar-me com um olhar de curiosidade misturado com certa preocupação. Mas eis que as palavras, tortas, erradas e choradas acabam por sair.

Um idoso senhor negro com o seu chapéu adentra no vagão. Ele mal consegue permanecer de pé devido a sua idade e a todos os tombos que a vida já lhe deu. Assim, ele se senta no banquinho azul. Solitário, assim como eu, nossos olhares se encontram. Seu olhar, com um misto de sofrimento e benevolência acaba por domar o monstro da solidão em meu olhar. Já não me sinto mais completamente só.

“Filho, uma rosa de uma pétala só não é uma rosa.”

Uma rosa de uma só pétala não transmite a beleza da primavera.
Uma rosa de uma só pétala não é bela.
Uma rosa de uma só pétala é incompleta.
Uma rosa de uma só pétala não é uma rosa.

(...) presente (...)
(...) expectativas (...)
(...) possibilidades (...)
(...) futuro (...)

As pétalas floresceram. Agora a rosa é uma rosa.
Floresceram na rosa todas as pétalas.
A rosa agora se vê completa, com todas as suas pétalas.
As pétalas são o que faz da rosa uma rosa.

A rosa do pequeno príncipe.
A rosa que nasceu no concreto.
A rosa que dança todos os dias “Idioteque”.
A rosa que se libertou de seus próprios espinhos e abriu o seu coração para a vida.

 22/07/12

quarta-feira, 18 de julho de 2012

O Incêndio III


O fogo, a fumaça e o caos.
Queime, queime, queime.
Como já foi dito: “É engraçado como as coisas mudam sem avisar”
E mudam mesmo

A data é a mais bizarra.
O mais inoportuno momento.
Para que nos prendermos a laços temporais?
Sempre fui contra isso mesmo.

Queime, queime, queime.
Dilacere com o meu corpo.
Torne-me insano.
Torne-me ainda mais insano.

O meu olhar se foca no seu.
Seus belos olhos vermelhos.
O foco desfocado.
Já tá tudo queimado mesmo.

Eu estou indo, mas eu volto.
Quando a neve começar a cessar.
Quando as flores começarem a surgir.
Eu voltarei.

06/04/12

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Bons Ares


Sinto bons ares penetrando suavemente meus pulmões.

Bons ares como o doce aroma das rosas que insistem em nascer no duro e frio concreto.

Bons ares como o suor juvenil após quebrar todas as correntes que o prendiam nessa monotonidade.

Bons ares do seu perfume que sinto ao passar provocadamente ao meu lado.

Bons ares que carregam juntamente ao vento todo um passado de sorrisos e lágrimas.

Venha meu companheiro, suba nessa motocicleta e relate junto a mim nesse diário todos os sorrisos, todos os olhares, todos os suaves movimentos desses corpos nus andantes. 

Viva comigo o presente do passado que rompe com todas as amarras rumo ao esperado – e incerto – futuro.

24/01/12

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Solidão Ilustrada

O hálito continua cansado.
O corpo se encontra cada vez mais pálido.
Não encontro mais forças.
O corpo físico destroçou a alma moça.

Pra que me levantar?
Pra que continuar?
A alma vai, o corpo fica.
A alma vive, o corpo definha.

As horas correm e eu não as acompanho.
As folhas caem por esse corpo morto.
Continuo solitário vigiando o tempo correndo solto.

O olhar cansado.
O sorriso abatido.
A vida passando pelos livros.

22/05/12

terça-feira, 1 de maio de 2012

Os Esdrúxulos Pensamentos Presos na Jaula

Expulso do oculto paraíso subterrâneo, compreendo forçosamente que a jornada continua e que novas estradas têm de ser exploradas.

Olho-te nos olhos, você me lembra alguém que eu muito admirava e, secretamente – em segredo até de meu próprio eu – desejava. Você ameaça, mas as condições não permitem e, novamente, sou obrigado a enjaular meus esdrúxulos pensamentos.

A jaula continua fechada em sete chaves e o demônio que aqui reside tenta em vão quebrá-las. Só lhe resta os pensamentos, os esdrúxulos pensamentos.

22/01/12

sábado, 7 de abril de 2012

(sem título)

Afasto-me do passado sereno e navego conduzido por belas criaturas sorridentes para o meu tão ansiado futuro.

Cabelos, olhares, sorrisos e carícias irrealizadas.

Desembarco em meu paraíso exclusivo e tudo o que me rodeia é de meu agrado.

Olhares, sorrisos e leves toques em suas mãos.

Mais um copo, mais um trago. Mais um corpo, mais um...

23/01/12