terça-feira, 17 de agosto de 2010

A voz mais baixa da minha mente

Vejo-me tão só. Rodeado de corpos e carnes, mas carente de almas e essências.

Admiro-me com a freqüência e intensidade com que sou obrigado a me defrontar com meus medos e a sagacidade com que os enfrento. Mas isso, infelizmente, acaba por trazer-me conseqüências das mais diversas, como a ampliação dos meus vícios.

Sim, ampliei os meus vícios e não caminho mais sem eles, não respiro sem o amparo deles, não existo sem eles.

Fico sozinho nessa madrugada fria, sento na janela, coloco os meus pés pra fora e os fico balançando, pareço uma criança feliz, mas só pareço... Ficar sozinho na janela me faz bem, tenho um tempo só meu pra pensar. O problema é que às vezes eu acabo por escutar até a voz mais baixa da minha mente, até o sussurro mais efêmero não escapa da minha percepção. Esse sussurro é engraçado... Tem dias que ele fica lá escondidinho e eu mal o percebo, mas tem vezes em que ele se torna tão alto, tão gritante que eu mal consigo controlá-lo, só o contenho com o auxílio de um dos meus vícios. Na verdade eu só tenho a ilusão que o abafei, porque vira e mexe ele persiste em aumentar o tom de voz e volta a me incomodar. Mas eu ainda tenho fé que vou aprender a lidar com ele. É, eu ainda tenho fé...

10/06/10

4 comentários:

  1. Como eu já havia dito,esse é meu preferido!
    Em partes,me identifico muito com ele.Admiro o modo como você escreve e descreve oque sente.

    ResponderExcluir
  2. "Vejo-me tão só. Rodeado de corpos e carnes, mas carente de almas e essências."
    não preciso repetir de novo o quanto gostei e me sinto nessa frase.

    Mas outra coisa interessante é essa voz baixinha... eu percebo como uma angústia oculta, angústia objetivada, é estranho passar meses sem nem lembrar desse objeto, e de repente, meio sem motivo, ver essa angústia irrompendo - a voz baixinha parece um grito insurpotável.

    ResponderExcluir