Cada chama penetra friamente minha pele, cada labareda transpõe todo o seu ardor por cada célula de meu corpo, mas eu não me importo, isso faz com que eu me sinta vivo, com que eu me abstenha de assemelhar-me com um personagem fictício. Sim, a fumaça teima em irritar meus olhos, ocasionando uma lágrima ou outra, e assiduamente minha respiração torna-se assombrosamente mais e mais ofegante, bem como se ela fosse estacar. Mas pouco me importa, eu persisto em permanecer vivo.
Olho para o céu e deparo-me com uma imensa escuridão noturna unificada com a fumaça negra que exala do incêndio e do queimar em minha pele. Inicia-se uma chuva, obrigando o retrocesso incendiário a cada segundo, de centímetro em centímetro. Minha pele já não mais queima, eu já possuo forças para respirar e dos meus olhos lagrimas já não mais caem. Olho para o meu corpo e deparo-me só com uma queimadura, uma única queimadura em meu peito esquerdo.
Passa-se o tempo e a queimadura tranfigura-se em uma cicatriz. Eu levei dias, semanas, meses para entender o porquê de possuir uma única cicatriz após todo o desastre ocasionado devido ao incêndio. Compreendi que essa cicatriz nunca vai extirpar-se, sempre permanecerá tatuada em meu peito esquerdo, fazendo-se necessário que eu tenha forças para não ignorá-la - as tatuagens nunca somem -, e me cuidar para não observá-la constantemente e continuadamente, afinal, certas cicatrizes, quando as valorizamos muito, persistem em sangrar.
Atiro-me desesperadamente, desenfreadamente e desnorteadamente, rumo ao próximo incêndio. QUEIME, QUEIME, QUEIME. Eu quero arder em chamas, sentir minha respiração ofegar.
13/09/10
Vc escreve muito bem, sério!
ResponderExcluirrealmente vc escreve muito bem meu amor!
ResponderExcluirMuito bom, esse texto é realmente flamejante.
ResponderExcluireu não sei se esse incêndio liberta ou aprisiona, se ele é mais danoso ou mais benéfico; enfim,"faz com eu me sinta vivo".
ResponderExcluirMuuuito bom, vc escreve muuuito bem.
ResponderExcluirbeijos, Mandinha! ;)
Nada como o prazer da dor de estar vivo.
ResponderExcluirSão inúmeras as cicatrizes que a vida nos deixa...
ResponderExcluirGostei mais desse texto do que do penúltimo. =]
ResponderExcluirBeijo Rafa!
parabéns Rafa, mt mt mt bom ;)
ResponderExcluirE a gente corre em direção ao fogo para sentir dor, para sentir alguma coisa.
ResponderExcluirSentir que está vivo.
Adorei Rafa,
Beijos
e me cuidar para não observá-la constantemente e continuadamente, afinal, certas cicatrizes, quando as valorizamos muito, persistem em sangrar.
ResponderExcluirFALOU TUDO RAFA.
Rumo ao próximo incêncio, a vida continua, corpo em chamas e novas tatuagens, esse é o espírito da coisa.
ResponderExcluirMachucar a si mesmo para ver se continua a sentir, focar na dor que é a unica coisa real.
ResponderExcluirisso da dinheiro mano, parabéns, ótimo texto, palavras diferentes hauhsuahsauhsa *_*
ResponderExcluirEu também quero me apaixonar.
ResponderExcluirAdorei esse texto, me fez pensar em algumas coisas.
ResponderExcluirEssa vontade incendiária, por vezes, traz muito mais do que a dor e o sofrimento, ela também leva consigo o poder da libertação. Já ouvi dizer que o fogo purifica, mas na verdade penso que ele nos amaldiçoa com as verdades do sangue há muito esquecidas e nos impele contra a parede. Cicatrizes, sejam elas de guerra, sejam elas do fogo, são meras lembranças, relegadas à falibilidade da memória.
Beijo, Rafë. hehehehe
''quando as valorizamos muito, persistem em sangrar.''
ResponderExcluirfóda ;o
sim temos que arder em chamas de vez em quando para vermos que ainda estamos vivos...que ainda podemos aproveitar dessa vida!
ResponderExcluirContinue escrevendo, está muito legal. Abraços.
ResponderExcluirGostaria de ter coragem para me atirar em um novo incêndio,nem que isso provocasse mais cicatrizes,mas gostaria. Como você mesmo dissi,certas cicatrizes quando as valorizamos muito,sempre tendem a sangrar. Eu queria arder em novas chamas,sentir algo novamente,sentir que ainda estou viva.
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